Durante as aulas que tive de filosofia, o Chico que era um viad... meu querido professor, nos aconselhava a interpretar quadros de um ponto de vista subjetivo. Desde então, tomei gosto por isso e de vez em quando faço algumas análises como as de baixo, que foram tema de um seminário meu na faculdade (errr...). Se você não gosta do tema, existem outros Geek Chapters que você também pode acessar aqui, onde temos todos as séries Geek Chapter do blog.
Como já disse no Episódio 1 de interpretações filosóficas, não se pode ignorar interpretações desde que elas apresentem o mínimo de sentido. Isso é o que vamos usar aqui, quando analisamos quadros como os de baixo, temos que tentar pensar como o autor e o mais importante, evitar raciocínios lógicos, já que as interpretações são uma espécie de exercício de abstração.
- Análise filosófica da pintura “Mão com esfera reflectora”- 1935
A pintura ao lado é de autoria do artista holandês Maurits Cornelis Escher, que nasceu em Leeuwarden em 1898 e morreu em Hilversum em 27 de março de 1972. “Mão com esfera reflectora”, nome da obra, apresenta uma série de detalhes que podemos interpretar através de uma detalhada análise visual e filosófica do quadro. A esfera, que tem aproximadamente o mesmo formato do planeta terra, pode representar o mundo do artista, onde seu rosto na figura transpõe a idéia de que ele é o centro do seu próprio mundo, pois se trocarmos o cenário por outro, a figura central continuará sendo a face do autor. Outra perspectiva possível da imagem é a deformação do mundo real, local onde o autor está, para o seu reflexo na esfera, observa-se que o que aparenta ser o quarto do autor, quando observado a partir do reflexo, é modificado conforme se afasta do rosto central, efeito esse que pode representar a idéia de que quanto mais afastado algo está de uma pessoa, maior a chance desta ter uma visão errada do objeto. E por incrível que possa parecer, a obra também transmite a idéia de que pessoas em diferentes lugares têm opiniões distintas, não há possibilidade de duas pessoas em lugares diferentes terem a mesma visão do reflexo da esfera embora estejam no mesmo ambiente.
Agora levando em conta a relação sujeito e objeto do processo de conhecimento humano, na pintura acima, pode-se concluir que o autor é o sujeito, e que está analisando o objeto efetivo que é o conjunto autor mais ambiente. Podemos dizer que, ao ser feita a análise do objeto pelo sujeito, este está tendo uma visão modificada do objeto, onde esta visão é única e exclusiva dele, pois o mesmo também faz parte do objeto. Desempenhando assim, o sujeito e o objeto, uma relação de reciprocidade entre eles.
- Análise filosófica da pintura “Desenhando-se”- 1948
Nesta obra é difícil determinar o sujeito e objeto, uma das mãos desenha ou cria a manga de onde sai a outra, dessa forma a imagem ilustra de forma bem complexa a modificação do sujeito a partir do objeto, sendo as mãos, sujeito e objeto ao mesmo tempo. Quando objeto, são modificadas pela outra que está fazendo o papel de sujeito e concomitantemente estão modificando porque também são objeto. Outro detalhe interessante da pintura é que as mãos só criam ou modificam a parte da outra que está no papel, detalhe esse que pode ser interpretado como a idéia de que o objeto não tem total poder sobre o sujeito.
Tentando descobrir a origem do processo, ou seja, como o processo representado na figura ao lado começou, não se consegue definir um ponto inicial para ele, daí pode-se observar a dependência das mãos entre si e a relação recíproca entre elas.
- Análise filosófica do quadro “infinito”
Um dos detalhes comuns e curiosos dos quadros de Escher é a ilusão de ótica, nesta obra, o autor tentou expressar através de uma imagem a idéia do infinito usando espirais em preto e branco que se alternam e vão diminuindo conforme avançam para o centro-esquerdo do quadro. Outro detalhe é que, conforme as espirais vão diminuindo e se aproximando umas das outras, chega um ponto onde não se pode diferenciar o preto do branco, essa pode ser uma tentativa do autor de expressar a idéia de que quanto mais próximo do infinito menos compreensível são as coisas para o homem, ou seja, quanto mais se tenta estudar e entender o infinito, mais confuso fica o sujeito, tornando assim a concepção de infinito ainda mais complexa e talvez impossível de ser definida.
O objeto ideal que seria essa representação do infinito através das espirais em preto e branco, se relaciona com o sujeito, o Homem, de forma recíproca. O homem invade a esfera do objeto na tentativa de obter uma concepção do infinito e este causa uma mudança no sujeito.
Boa tarde. Saberia me informar como consigo os direitos autorais para usar a imagem da mão com esfera reflectora?
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